Caracterização
CARACTERIZAÇÃO
Eucaliptal – Monte Ardila
Localizado num plano inclinado, junto à margem esquerda do Rio Guadiana, este espaço florestal arborizado ocupa, aproximadamente, uma área de 5000m2, sendo uma cultura exótica na região, constituindo um eucaliptal adulto e com perfilhação, cujas madeiras já foram alvos de cortes.
A instalação deste eucaliptal serve originalmente como barreira de proteção para resguardo das construções do monte, para além do facto da madeira de eucalipto ser bastante versátil e também do facto de ser uma cultura pouco exigente, capaz de se desenvolver em qualquer tipo de solo e qualquer tipo de condição climática.
Este espaço do eucaliptal vai ser objeto de um novo planeamento e futuras alterações estruturais – além do ornamento, dos amanho, granjeios, podas e limpezas profundas, também serão reabilitadas e incorporadas novas infraestruturas, como por exemplo um parque de merendas inserido na paisagem ribeirinha na margem do Rio Guadiana e uma zona de cais de acesso ao rio.
Laranjal – Pomar de citrinos
A plantação do Laranjal no espaço de Entre as Águas foi realizada pela família de Mário Garcia, a partir de 1950, existindo primeiramente umas árvores para consumo doméstico, às quais foram acrescentadas outras plantas que levaram à criação à data de um moderno e inovador pomar de citrinos, conjugando várias condições bióticas e abióticas e constituindo um projeto de exploração agrícola ambicioso e de sucesso, gerador de trabalho e comércio na região.
Com uma área de 13 hectares, este laranjal está localizado na zona da foz do Rio Ardilo, junto à margem esquerda do Rio Guadiana, o que origina alguns benefícios significativos para a cultura, como a diminuição da amplitude térmica, quebra de geadas e uma grande disponibilidade hídrica permitindo uma rega eficiente.
O Laranjal tem três grandes tipos de variedades de laranjeiras:
- Laranja da Baia – variedade brasileira, antiga, caracterizada pelo “umbigo” dos frutos, considerada temporã, originando frutos sem sementes, menos ácida e fácil de descascar;
- Laranja Jaffa – variedade israelita, considerada de meia-estação, muito produtiva com frutos de qualidade com tamanho médio/grande, sumarentos e, sendo uma cultivar tolerante a pragas e doenças;
- Laranja Dom João – variedade portuguesa, origina frutos de calibres pequenos, mais doces e pode ser considerada uma cultivar serôdia, permanecendo mais tempo na árvore sem perder qualidade e o sumo.
Além das laranjeiras também se podem encontrar pontualmente outros citrinos, como limoeiros e tangerineiras.
O Laranjal vai ser objeto, a partir de 2021, de inúmeras atividades de planeamento produtivo e de reconversão de variedades, passando a ser explorado de acordo com as regras do Modo de Produção Biológico.
Montado – Monte Ardila
Montado Entre as Águas
Composto por cerca de 77 hectares, o Montado na Entre as Águas, tem uma composição muito distinta, configurando um sistema ecológico nas margens do rio Ardila e do rio Guadiana e com uma identidade única.
É composto por zonas aplanadas e zonas com declive, onde conseguimos distinguir zonas com mais árvores e zonas mais arbustivas.
É um montado composto por azinho e oliveiras centenárias, bem fornecido a nível herbáceo, existindo também uma vasta flora espontânea como por exemplo bico-de-cegonha-mosqueado (Erodium moschatum), língua-de-vaca (Echium plantagineum); malvas diversas (Malva), cardos (Silybum marianum), funchos (Foeniculum vulgare), entre outros, tendo uma rica pastagem que permite uma alimentação satisfatória para o gado, permitindo uma boa criação do efetivo.
Tem no seu território barrancos naturais, que são preenchidos pelo caudal do rio Ardila ou do rio Guadiana, gerando uma paisagem um pouco mais adensada e de difícil acesso.
O gado que está inserido neste sistema de montado é gado bovino, nomeadamente cruzados da raça Charolesa.
Montado Alentejano
O montado é um sistema agrosilvopastoril explorado a vários níveis – arbóreo, arbustivo, herbáceo e animal – de acordo com as potencialidades de cada região, característico das zonas mediterrânicas e, em Portugal, sendo a imagem do Alentejo.
Este sistema foi criado pela intervenção do Homem, de acordo com a natureza que o rodeava e sendo que sem esta dita intervenção o montado evoluiria para uma espessa mata, sem que fosse possível o usufruto dos seus produtos. Com a evolução dos tempos também as práticas e maneios foram evoluindo, de forma mais ou menos assertiva, consoante o seu ambiente de inserção.
Em comparação com outros ecossistemas este conta com uma área bem definida e limitada pois para o seu desenvolvimento têm de ser satisfeitas condições especificas a níveis distintos: solo, fatores climatéricos, pedológicos e geomorfológicos. E transformados pelos componentes bióticos do sistema formando um circuito: a vegetação; os herbívoros; os carnívoros; e por último, o homem – que tira partido de todos eles e que tenta maximizar os recursos de forma sustentável.
O montado insere-se na região mediterrânica que possui as seguintes características: verões quentes a muito quentes e secos e os invernos húmidos e frios. Os valores da precipitação e as datas da sua ocorrência condicionam, de forma muito significativa, a composição e quantidade da pastagem e a disponibilidade de alimento para o gado.
Relativamente aos aspetos geomorfológicos ocupam, preferencialmente, terrenos planos ou de relevo suavemente ondulado ou com declive mais acentuado. Os solos sobre os quais se desenvolvem são, em geral pobres, com origem em materiais paleozoicos (granitos, xistos, quartzitos, etc.) ou os derivados da sua erosão (arenitos). São essencialmente ácidos e neutros, pobres em nutrientes e com pouca matéria orgânica. Este sistema, especialmente adaptado aos solos menos férteis permite a obtenção de recursos de uma forma continuada, sem esgotamento, quando bem gerido, do potencial de fertilidade do solo, onde outras culturas não ofereceriam qualquer rendimento.
A nível arbóreo pode ser constituído pelas Quercíneas e Oliveiras. E o sub-coberto é ocupado por pastagens aproveitadas pelo gado ou é cultivado com culturas arvenses de sequeiro num sistema de rotação. As pastagens naturais podem ser ocupadas por matos, em maior ou menor proporção. Já o estrato arbustivo é constituído por espécies lenhosas em formações mais ou menos densas, podemos citar, de entre elas, o carrasco (Q. coccifera), a carvalhiça (Q. lusitanica), a aroeira (Pistacia lentiscus), a murta (Myrtus communis), o folhado (Viburnum timus), o medronheiro (Arbutus unedo), o alecrim (Rosmarinus officinalis), as cistáceas (Cistus sp.) e lavandas (Lavandula sp.), os tomilhos (Thymus sp.), as urzes (Erica sp.), os tojos (Genista sp.), as giestas (Retama sp.). E o estrato herbáceo ocupa o nível mais próximo do solo. Estes três níveis de vegetação são geridos por forma a obter um sistema aberto que possibilite o aproveitamento máximo da radiação incidente, para produção de biomassa de elevada qualidade para o gado.
São várias as mais valias que podemos usufruir do sistema referido, tais com:
- Cortiça;
- Lenha / Madeiras;
- Gado – Carnes; Queijo; Leite; Lã;
- Caça;
- Apicultura;
- Plantas aromáticas e Medicinais;
- Cogumelos, Espargo, Frutos Silvestres e outros comestíveis;
- Atividades de turismo;
- Ecologia e proteção de raças em vias de extinção – lince ibérico, águias, cegonha preta, entre outos;
- Controlo de florestações – evitando incêndios;
- Fixação de CO2 e produção de O2;
- Biodiversidade;
- Entre outros.
São variados os benefícios que o montado origina, fomentando o crescimento socioeconómico nas regiões.